Sons Binaurais: O Guia Científico Completo

Nós somos impactados por milhões de estímulos digitais todos os dias.E consequentemente, nossa mente está sempre a milhão, raramente concentrada e presente.

É por isso que queremos apresentar um hack simples e efetivo para melhorar a atenção, memória e outras capacidades cognitivas.

Conheça o incrível mundo dos sons binaurais.

Hackeando a atenção, cognição e memorização com sons binaurais

Prepare os fones de ouvido e escute sons binaurais quando precisar se concentrar.

Existem vários geradores na internet, além de playlists prontas no YouTube, Spotify e similares.

A maioria oferece a opção de definir uma frequência base, que costuma ser entre 200 e 400 Hz, e depois uma frequência binaural.

Sintonize a que mais faz sentido pra você:

Delta (1–4 Hz) – Dormir
Teta (4–8 Hz) – Sonolência, meditação
Alfa (8–13 Hz) – Alerta moderado, meditação, recordação
Beta (15–20 Hz) – Foco, pensamento sustentado, excitação
Gama (32–100 Hz) – Aprendizagem, resolução de problemas

Não há nenhum efeito colateral em ouvi-los.

Mas algumas pessoas podem não ter benefícios com este hack, já que certas lesões cerebrais podem prejudicar a capacidade de ouvi-los. [1]

Além disso, pessoas mais velhas podem não responder de forma tão eficaz quanto as mais jovens, especialmente com as frequências mais altas. [2]

A ciência por trás do Hack

As frequências binaurais são usadas para estimular ondas cerebrais específicas, que geram efeitos diferentes. [3]

Em cada ouvido toca uma frequência diferente. Isso cria uma percepção de estar ouvindo uma terceira, que é a diferença das duas. Esses são os sons binaurais.

representação de frequencia

As pesquisas mostram que esses sons podem alterar a abundância de certas ondas cerebrais [4], o que facilitaria o atingimento dos estados mentais desejados.

De todos os Health Hacks, este é o que mais vai fazer você se sentir um hacker.

Quais são os benefícios dos sons binaurais?

Existem pesquisas sobre os sons binaurais sobre os seus efeitos em doenças como Parkinson, [5] doenças cardiovasculares [6] e zumbido.[7]

Mas os benefícios já comprovados estão associados à melhoras no sono, relaxamento, redução da dor e estímulo de fatores cognitivos, como memória, atenção e concentração.

Em linhas gerais, sons binaurais de frequência mais baixa nas faixas Delta, Teta e Alfa parecem produzir relaxamento e diminuição da dor.

Já os sons de frequência mais alta mostram benefícios cognitivos.

E vamos ver isso em detalhes agora.

Efeitos na cognição e memória: o que os estudos mostram

Um estudo descobriu que 5 minutos de exposição a sons binaurais foi suficiente para produzir ondas gama no cérebro, o que mostrou resultados positivos em um teste de memória que os participantes fizeram.[8]

Já em outro estudo[9], os participantes fizeram uma tarefa de memória enquanto escutavam sons binaurais.

Metade deles ouviu batimentos de ondas Teta, e a outra metade foi de ondas Beta.

E os participantes que ouviram as ondas Beta se saíram melhores do que aqueles que ouviram as ondas Teta.

Por fim, o estudo sugeriu que as ondas Teta podem ser incompatíveis com o processo neural de codificação de informações.

Ou seja, péssima trilha sonora para os seus estudos.

Sons binaurais versus silêncio

- "Mas ouvir sons binaurais é melhor do que o silêncio para se concentrar?"

Ótima pergunta.

Um estudo[11] comparou efeitos entre o silêncio, um tom puro de 240 Hz, música clássica e sons binaurais em 5, 10 e 15 Hz em uma tarefa de memória verbal.

O resultado consagrou que os participantes que ouviram os sons de 15 Hz tiveram um desempenho bem melhor. Já os de 5 e 10 Hz não tiveram efeito.

grafico de frequencia

Outra pesquisa[12] usou o mesmo princípio, mas testou a memória visual e espacial.

Foi notado que 15 Hz teve efeito positivo também. O silêncio e as sons de 10 Hz tiveram o pior desempenho e as outras opções ficaram na média.

E se você tá precisando relaxar um pouco, também temos um estudo animador. [13]

Nele, os cientistas colocaram metade dos participantes em uma cadeira de massagem enquanto ouviam sons binaurais nas faixas Delta, Teta e Alfa.

A outra metade só ficou de boa na massagem, mas em silêncio.

O resultado foi que a turma das binaurais teve resultados melhores na fadiga mental, capacidade atenção e nas memórias de curto e longo prazo.

Confesse: você gostaria de ter participado deste experimento.

Sons binaurais, atenção e TDAH

Existem algumas evidências de que os sons binaurais podem melhorar o TDAH, mas isso ainda não é consenso.

Por exemplo, olha esse estudo feito com 20 crianças e adolescentes com TDAH [14].

Durante três semanas, metade da garotada ouviu 20 minutos de sons beta, três vezes por semana.

Eles não tiveram melhor resultado do que as crianças que fizeram o tratamento de controle. Porém, os pais relataram menos problemas com as lições de casa.

E em um estudo com 36 estudantes universitários, [15] as ondas gama não melhoraram a retenção de informações durante um teste de atenção, mas tiveram maior atenção visual em comparação ao grupo de controle.

Como os sons binaurais funcionam?

Ainda tem muito estudo para ser feito para entender os mecanismos exatos.

Mas acredita-se que elas despertam uma resposta no cérebro [10], que, de certa forma, altera nosso estado mental.

Alguns estudos mediram essa resposta com sucesso, usando eletroencefalografia. [8][5][16][17][18].

E parece funcionar ainda melhor quando a estimulação visual da frequência é usada junto das batidas em áudio. [19][20]

Mas por outro lado, há estudos que não conseguiram replicar esse efeito. [21][22][23][24]

Existe algo para se preocupar?

Efeitos colaterais são muito raros, mas não ainda não foram feitos estudos específicos de segurança.

Porém, existem riscos quanto à escolha de frequências - como as ondas Teta, que podem atrapalhar o processo de aprendizado.[9]

Tem o fator volume também. Colocar muito alto pode prejudicar a audição. Mas isso vale para qualquer coisa que se escute com os fones no talo.

Mesmo sem estudos sobre segurança, os sons binaurais aparentam ser seguros. Mas pessoas com problemas auditivos ou neurológicos devem ter cautela.

Escolha a sua frequência

Falta de atenção e memória não é só uma questão de se distrair de vez em quando.

Muitas vezes, isso significa estar mentalmente em vários lugares ao mesmo tempo, mas em nenhum com presença plena. É improdutivo, frustrante e exaustivo.

Mas a ciência pode tornar tudo diferente. Por isso, prepare os seus fones de ouvido.

E experimente mudar a sua frequência.

Referências

[1] D F Barr, T A Mullin, P S Herbert. Application of binaural beat phenomenon with aphasic patients. Arch Otolaryngol. (1977)

[2] a b John H Grose, Sara K Mamo. Electrophysiological measurement of binaural beats: effects of primary tone frequency and observer age. Ear Hear. (Mar-Apr)

[3] Hengameh Marzbani, Hamid Reza Marateb, Marjan Mansourian. Neurofeedback: A Comprehensive Review on System Design, Methodology and Clinical Applications. Basic Clin Neurosci. (2016)

[4] Leila Chaieb, et al. Auditory beat stimulation and its effects on cognition and mood States. Front Psychiatry. (2015)

[5] Gerardo Gálvez, et al. Short-Term Effects of Binaural Beats on EEG Power, Functional Connectivity, Cognition, Gait and Anxiety in Parkinson's Disease. Int J Neural Syst. (2018)

[6] Calvin Carter. Healthcare performance and the effects of the binaural beats on human blood pressure and heart rate. J Hosp Mark Public Relations. (2008)

[7] Brittany A Munro, Grant D Searchfield. The short-term effects of recorded ocean sound with and without alpha frequency binaural beats on tinnitus perception. Complement Ther Med. (2019)

[8] Wernher Friedrich, Shengzhi Du, Karlien Balt. Studying frequency processing of the brain to enhance long-term memory and develop a human brain protocol. Technol Health Care. (2015)

[9] a b Miguel Garcia-Argibay, Miguel A Santed, José M Reales. Binaural auditory beats affect long-term memory. Psychol Res. (2019)

[10] R F Hink, et al. Binaural interaction of a beating frequency-following response. Audiology. (1980)

[11] Christine Beauchene, et al. The effect of binaural beats on verbal working memory and cortical connectivity. J Neural Eng. (2017)

[12] Christine Beauchene, et al. The Effect of Binaural Beats on Visuospatial Working Memory and Cortical Connectivity. PLoS One. (2016)

[13] Jeong-Hwan Lim, et al. The effects on mental fatigue and the cognitive function of mechanical massage and binaural beats (brain massage) provided by massage chairs. Complement Ther Clin Pract. (2018)

[14] Susan Kennel, et al. Pilot feasibility study of binaural auditory beats for reducing symptoms of inattention in children and adolescents with attention-deficit/hyperactivity disorder. J Pediatr Nurs. (2010)

[15] Lorenza S Colzato, et al. More attentional focusing through binaural beats: evidence from the global-local task. Psychol Res. (2017)

[16] Hillel Pratt, et al. A comparison of auditory evoked potentials to acoustic beats and to binaural beats. Hear Res. (2010)

[17] Shotaro Karino, et al. Neuromagnetic responses to binaural beat in human cerebral cortex. J Neurophysiol. (2006)

[18] Bernhard Ross, et al. Human cortical responses to slow and fast binaural beats reveal multiple mechanisms of binaural hearing. J Neurophysiol. (2014)

[19] Tina L Huang, Christine Charyton. A comprehensive review of the psychological effects of brainwave entrainment. Altern Ther Health Med. (Sep-Oct)

[20] M Teplan, A Krakovská, S Stolc. Direct effects of audio-visual stimulation on EEG. Comput Methods Programs Biomed. (2011)

[21] D Vernon, et al. Tracking EEG changes in response to alpha and beta binaural beats. Int J Psychophysiol. (2014)

[22] Peter Goodin, et al. A high-density EEG investigation into steady state binaural beat stimulation. PLoS One. (2012)

[23] Helané Wahbeh, et al. Binaural beat technology in humans: a pilot study to assess neuropsychologic, physiologic, and electroencephalographic effects. J Altern Complement Med. (2007)

[24] D E Shumov, et al. The effect of music containing binaural beats on daytime fall-asleep dynamics. Zh Nevrol Psikhiatr Im S S Korsakova. (2020)